Agradeço pela chuva ter parado quando chego a minha nova casa e mais ainda por meu pai ter me mandado as chaves antes.
No hall de entrada inspeciono o local.
As paredes são de um tom creme tão claro que se aproxima ao branco. Á direita, uma sala de estar com grandes sofás vinho e uma mesinha de centro de mogno. Ao fundo mais algumas mesas e prateiras com fotos da família e uma cristaleira completa o ambiente.
Á minha esquerda há uma escada curva que dá, provavelmente, nos quartos. Em frente a ela há um cômodo. Suas frentes e no encontro com a escada não são de alvenaria. São grossos vidros transparentes que o separa do resto do ambiente. As persianas estão fechadas, mas conhecendo meu pai, posso imaginar que é seu escritório. Abro a porta e confirmo que estou certa.
É muito amplo. Na parede ao fundo de frente com a porta está sua mesa com uma enorme estante de livros atrás. Pelo vidro á esquerda dá para ver quem sobe ou desce pelas escadas. Á direita, uma espécie de cinema particular. Uma tela enorme na parede, home theater e sofás beges que parecem mais camas. No canto uma pequena porta revela o banheiro.
Continuo minha pequena expedição pelo corredor. Mais uma porta a minha esquerda: outro banheiro. Pela distância que caminhei deve ser gemelar com o que vi no escritório. Á minha direita um par enorme de portas de correr de madeira que dá no jardim que rodeia a casa, muito bem cuidado por sinal. Várias floreiras, bancos de metal e grandes árvores. Caminho por ele até chegar ao fundo da casa. Há um declive no chão e lá embaixo uma piscina quadrada e um banheiro para troca de roupas.
Há 02 portas na varanda dos fundos: 01 que passa entre a cozinha e a sala de jantar, onde há uma mesa de vidro com base de metal escuro, várias cadeiras com estofamento negro e um aparador da mesma cor, e vai de encontro ao corredor por onde sai e a outra para a cozinha. Ela é grande e equipada para receber os melhores chefs de cozinha.
Subo as escadas para conhecer os quartos.
No começo do corredor conto as portas, uma de cada lado, fechadas. 03 pares e 01 ao fundo. O quarto do meu pai. Ele sempre gostou de ter vários quartos disponíveis para nossas visitas.
Sigo em frente na 03ª porta do lado direito sinto o cheiro de tinta fresca exalando. Meu quarto. Entro e o tom claro de lilás está nas paredes, nas cortinas e na cama. Minha cor preferida. Vou até a pequena varanda, vejo o jardim e a cerca natural de árvores em volta de nossa casa. Jogo-me de costas na cama cruzando os braços sob minha cabeça. Ouço o canto dos pássaros se aquecendo ao Sol após a chuva.
De repente o silêncio é quebrado pelo baque surdo de algo caindo vindo do quarto em frente ao meu. Vou até minha porta e olho a da frente.
"Keep out” Impõe a placa na porta.
— Mas que merda! Levanta logo. Dormimos demais. — ouço a voz masculina grossa, mas melodiosa, que encanta qualquer garota. — Droga! — ele repete várias vezes em meio ao corre-corre dentro no quarto.
— Estava chovendo forte, ela deve estar esperando. — uma voz feminina que não reconheço tenta acalmá-lo antes da porta se abrir. — Ou não... — completa a me ver.