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  Alone in the Dark e A Ilha das Sombras - Capítulo 02 - O Último Xamã [+16]

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MensagemAutor
19052013
Mensagem Alone in the Dark e A Ilha das Sombras - Capítulo 02 - O Último Xamã [+16]




Tema:
Alone in the Dark

Gêneros:
Ação, Aventura, Fantasia, Mistério, Suspense, Terror

Clique aqui para ver as Informações Iniciais:



Carnby

Quando finalmente consegui puxar a corda do pára-quedas, eu percebi que já havia caído muito, o que dificultou o controle. Para a minha sorte, o pára-quedas acabou enroscando-se em meio a galhos secos de altas árvores. Desprendi-me e caí agachado de joelhos no chão. Olhei ao redor – o tempo estava um pouco melhor: apenas chuviscava, porém raios ainda cruzavam os céus.
De todos os casos e lugares bizarros que eu já enfrentei, sem dúvida aquela ilha era a mais intrigante – para não admitir que fosse aterrorizante. O que era aquela coisa no avião? Eu tinha a certeza de ter visto alguma coisa viva e enorme. Não podia haver a possibilidade de existir uma criatura com tais características, e nos ares. Com certeza há algo de grande nessa ilha, e Fiske de alguma forma descobriu isso, mas não o deixaram viver para contar. Fiske... Cada vez que as minhas lembranças se voltavam para o seu assassinato, meu sangue fervia. Nem mesmo aquela situação pôde afastar a sede de justiça – ou de vingança – que crescia dentro de mim.
Minha atenção se desviou quando me lembrei de Aline e Felipe – espero que estejam bem. Carregar mais uma morte naquela ilha em minha consciência não ia ser nada bom.
Saquei a lanterna e andei com bastante calma, cuidando para não tropeçar ou eventualmente cair em alguma armadilha natural do ambiente. Tudo naquele lugar lembrava mesmo um cenário de terror: assobios causados pelas lufadas de ventos, sinistras árvores secas e ruídos de possíveis animais noturnos.
Não demorou muito para eu conseguir avistar uma trilha que aparentemente levava à mansão. Segui por ela, atravessei um arco de pedra e me deparei com um rastro de sangue pelo chão, que levava direto a um mausoléu. Uma sensação ruim tomou conta de mim – não pode ser o sangue deles! Meu estômago se contorceu, mas minha coragem era mais forte. Saquei o revólver de cano duplo com a mão direita, passei a lanterna para a esquerda e fui passo a passo mirando tudo à frente.
Lentamente entrei no mausoléu, iluminando tudo. O rastro de sangue estava mais intenso. O mausoléu parecia abandonado por décadas: teias de aranhas esticavam-se quase de uma extremidade a outra; entulhos num canto reforçavam a idéia de que aquele lugar nada mais era do que para guardar coisas velhas. Corri os olhos pelo cenário e pude então constatar, ao fim do mausoléu, onde o rastro findava. Um homem, que vestia uma espécie de macacão, encharcado de sangue, respirava com dificuldade e segurava um simples revólver, porém o mais aterrorizante era de onde saía o sangue. Seu braço esquerdo fora arrancado com lesões de várias formas, o que parecia ter sido triturado e decepado por algum animal feroz.
Ele agonizava apoiado na parede e, ao notar a presença de alguém se aproximando, tentou, com muito esforço, levantar o seu revólver, o que parecia ter dez quilos, tamanha era sua tremedeira. Eu deveria estar aliviado por não ter sido o sangue de Aline ou de Felipe, mas não pude pensar nisso vendo aquele homem.
– Ai, meu Deus! – exclamei franzindo o cenho.
O homem me vendo agora mais de perto, abaixou seu revólver.
– O que aconteceu com você? – indaguei.
Em meio a uma respiração forçada e gemidos o homem respondeu:
– Esta ilha... Esta ilha... Saia enquanto pode... Fuja...
– Por quê? O que tem na ilha?
– Esta i-ilha... É o buraco do inferno...
– Como você chegou aqui? – me abaixei para ouvi-lo melhor, pois o homem falava cada vez mais baixo.
– Ba-barco... Todos foram mortos.
– Tudo bem, acalme-se, respire. Eu estou investigando essa ilha, preciso saber quem fez isso com você.
O homem estremeceu, parecia que sua essência estava se esvaindo.
– Ele... Controla as criaturas... Elas obedecem a ele.
– Criaturas? – lembrei-me imediatamente do que atacou Stewart no hidroavião – Quem as controla?
Mas o homem soltou um último suspiro, como se estivesse sufocado, e então morreu ainda de olhos abertos.
– Droga!
Tomei o revólver da mão do homem e prendi-o na cintura.
– Isso pode servir mais tarde. Desculpe, amigo, mas terei que te deixar aqui.
Saí do mausoléu e continuei pela trilha, um tanto apreensivo com os últimos fatos, principalmente por não ter idéia do que estava acontecendo. O que será que o homem queria dizer? Eu precisava chegar logo à mansão, lugar que combinei encontrar Aline e Felipe. Não sabia se estavam correndo perigo.
O caminho agora era tortuoso e, finalmente após uma boa caminhada, a trilha culminou em uma escadaria que levava a um terreno acima, onde a mansão fora construída. Subi e me deparei com um velho portão semicerrado o qual se abriu com um ranger proveniente do desuso. A partir desse portão o chão era muito bem construído, com pedras de tamanhos iguais que lembravam as maravilhosas ruas de Londres, onde a formalidade era comum e o farfalhar das árvores tinham mais sentido com a bela e triunfante paisagem medieval. Lá eu resolvi vários casos, alguns macabros, outros passionais. Minha fama cresceu rapidamente, principalmente em Chelsea, Notting Hill e Wimbledon. Cheguei a ser, inclusive, comparado ao fictício Sherlock Holmes.
A entrada para a mansão ia ficando visível à medida que eu caminhava. Porém quando cheguei à metade do caminho, um brilho azulado começou a se formar adiante. Cheguei a pensar que era algum efeito refletido da minha lanterna, mas logo percebi que não havia nada para refleti-la. Parei, admirado, contemplando aquele efeito. O brilho aumentava formando uma espécie de buraco negro. No centro, um vulto distorcido se movia num borrão esquisito que gradativamente ficava maior e mais intenso. Em uma sucessão rápida de eventos o brilho se ofuscou; do centro saiu uma criatura com patas finas e uma cabeça oval que lembrava muito um animal pré-histórico, com uma cartilagem gordurosa. Suas narinas eram fendas e seus olhos grandes e negros. Seu aspecto era terrível e sua expressão medonha.
Abrindo a enorme boca, a criatura disparou uma língua como se fosse um chicote voraz. Esquivei-me do ataque, mas o golpe acertou minha lanterna que foi arremessada a alguns metros. Resolvi não perder mais tempo e comecei a investir disparos contra a criatura, que se mostrava extremamente resistente, não se abalando com os tiros recebidos, avançando cada vez mais. Como alternativa, saquei a arma que pegara da mão do homem no mausoléu e somei os disparos até que, ao som de um “clic”, eles indicaram que não havia mais bala. Sem a interrupção dos tiros, a criatura se aproximava mais rapidamente.
Senti-me acuado, retrocedi dando passos largos para trás até alcançar o facho de luz da ainda acesa lanterna. E então o inesperado: a criatura parou de avançar. Com ganidos estridentes, manteve-se no limite do alcance da luz. Foi então que percebi que a criatura, por mais estranho que parecesse, temia a luz.
Virei-me para pegar a lanterna, um erro! A criatura investiu um ataque com sua língua sobremaneira grande enroscando-a no meu tornozelo. Caí de bruços, a lanterna novamente escapou de minhas mãos. A força que a criatura tinha na língua era impressionante, puxando-me em sua direção.
Freneticamente, tateei o chão esforçando-me para alcançar a lanterna, até que consegui, com a ponta dos dedos. Joguei o peso do meu corpo para o lado para conseguir me virar e joguei o facho de luz para a criatura. Pude então ver, aos detalhes, os sombrios olhos negros da fera se estreitarem e imediatamente senti sua língua em meu tornozelo se afrouxar. Em seguida, com um ganido agonizante, a criatura recuou mantendo-se longe do alcance da luz da lanterna. Levantei-me e recarreguei o revólver e, ainda apontando a lanterna para a criatura, comecei a disparar. Agora os tiros estavam causando sérios danos, como se a luz expusesse a sua vulnerabilidade. Após três ou quatro disparos, ela se dissipou com o mesmo brilhou no qual apareceu.
Suspirando demoradamente e ainda não acreditando, baixei o ombro aliviado.
– Que diabos é esse lugar?
Recarregando mais uma vez o revólver, rumei pelo único caminho que havia até que finalmente cheguei ao pátio principal. Sem delongas, fui para a entrada, abri a porta dupla da mansão e entrei.

* * *


Aline

A minha aterrissagem não foi nada boa. Em minha primeira experiência em pular de pára-quedas, não soube como guiá-lo, deixando-o ser levado pelo vento, indo parar assim no telhado da mansão. Soltei-me rapidamente do pára-quedas aos meus pés tocarem nas telhas. Com o coração saltando à boca, olhei para baixo e vi que não era possível pular, pois era muito alto. Foi então que avistei, a alguns metros, uma janela entreaberta e percebi que não havia outra opção senão ir beirando a extremidade entre a calha e as telhas para alcançá-la.
Esgueirei-me pela janela e irrompi num quarto grande e iluminado somente com velas, várias velas, por todo o quarto, deixando um aroma incômodo de parafina queimada. Era meio estranho, pelo menos para mim, ter um quarto cheio de velas acesas – talvez fosse uma tentativa, pelo frio que fazia, de esquentar o quarto. Sendo bem espaçoso e confortável, o cômodo tinha um tapete bem macio, de excelente qualidade, e móveis bem antigos, fazendo com que qualquer um se sentisse num ambiente dos anos 1900. Logo à frente havia uma cama de casal e sobre ela deitava-se uma senhora de aproximadamente setenta anos, pálida e fraca, parecia não se alimentar havia dias. Ela estava envolta em um cobertor de modo que só dava para ver sua cabeça e seus braços. Em seu pescoço havia um cordão cujo pendente reluzia o mais fino ouro – parecia o desenho de um sol, sim, um sol em seu brilho intenso.
– Quem é você? – disse ela. – Não consigo reconhecer o som de seus passos.
Ao dizer isso, eu percebi que ela era cega.
– Por favor, eu preciso de ajuda. Eu estava num avião com mais duas pessoas, mas sofremos um acidente e tivemos que saltar de pára-quedas. Eu aterrissei aqui no telhado da mansão.
– Ah, senhorita – disse a velha com um lamento na voz –, foi um erro terrível vocês terem vindo para cá. Esta ilha não é lugar para ninguém.
– Por que a senhora diz isso?
– Escute, senhorita, você precisa salvar meu filho Obed. Ele corre perigo aqui, leve-o dessa ilha maldita antes que seja tarde demais.
– Obed? O professor Obed Morton? Que perigo ele corre?
– Criaturas, senhorita, criaturas das trevas reinam nesse lugar, aqui as sombras têm vida. Você já deve ter ouvido que a luz dispersa as sombras, mas ela também revela as sombras.
– Criaturas das trevas? Do que a senhora está falando?
– Por favor, ajude o meu filho, ele lhe explicará melhor todas as coisas.
– Onde ele está?
– Ah, eu não sei – a voz da velha senhora começou a ficar trêmula –, eu não o vejo há três dias... Três longos dias de angústia. Tome, pegue essas duas chaves – fui até ela e peguei as chaves. – Nesta mansão os principais cômodos estão trancados por causa das criaturas que eventualmente aparecem; a chave bronze é a do meu quarto e a dourada é da biblioteca que fica no andar térreo. Agora vá.
– Mas para onde eu devo ir?
– Para a biblioteca, eu já disse. Quando a senhorita sair do meu quarto siga em frente, entre pela porta ao lado de um interruptor e desça as escadas – de repente a mulher fez uma pausa e depois fez um sinal com o dedo em frente à boca. – Psss... Silêncio... Ouça.
Fiquei quieta para tentar ouvir alguma coisa.
– Não ouço nada.
– É porque você não está prestando atenção. Howard... Howard, o que você está fazendo?
– Quem é Howard? – olhei ao redor para ver se havia mais alguém, mas não havia ninguém além de nós duas.
– Ora, é meu marido, pai de Obed – disse a mulher, como se fosse óbvio.
Então ela era a mãe de Obed!
– E como a senhora está falando com ele? Onde ele está?
– Ah, não, senhorita! Vá, você precisa achar Obed o quanto antes. Se a senhorita cruzar com alguma criatura das trevas, use sua lanterna – elas fogem da luz. Mas lembre-se, não são todas as criaturas que temem a luz. E, por favor, quando sair tranque a porta do meu quarto novamente.
– Mas aí a senhora ficará presa aqui.
– Não se importe comigo.
– Mas...
– Vá logo!
Percebi que não ia adiantar insistir. Afinal, eu nem ao menos sabia se aquela mulher estava falando a verdade ou se era... Digamos... Louca. Mas e se fosse verdade? Se realmente o professor Morton estivesse correndo perigo? Mas, por criaturas das trevas? Que tipo de loucura é essa?
Eu precisava encontrar o professor Morton, custasse o que custasse. Além de interesses estudiosos, é claro, havia uma dúvida que me perseguia por algum tempo: eu precisava saber se Obed Morton era meu pai. Sim... Tudo isso começou quando Johnson me mostrou uma foto do professor Obed Morton, onde ele posava ao lado de uma mulher, mulher essa que reconheci como Marie Cedrac, minha mãe.
Dirigi-me à porta, usei a chave bronze que ganhei da velha mulher, destranquei a porta e, saindo, fechei-a atrás de mim, trancando-a novamente.
Estava agora em um escuro e amplo corredor onde, no meio, havia uma interseção que ligava mais um corredor à esquerda. Após essa interseção havia uma porta, a porta que a velha senhora havia dito, ao lado de um interruptor. Abri a bolsa, retirei a lanterna e a liguei para poder iluminar o caminho, em seguida apressei-me em uma meio-corrida pelo corredor até alcançar a porta. Mas antes de abri-la, eu ouvi um estranho ruído vindo de trás. Virei-me e vi algo no chão se mover, desenhando estranhas marcas, como runas mágicas. Em seguida um estrondoso grunhido se arrastou por todo o ambiente, fazendo-me sentir um gélido arrepio.
Tentei não me desesperar quando vi que aquilo não eram marcas, e sim sombras, sombras vivas, se movimentando! Estupefata, eu ainda pude conferir a sombra crescer, esticando-se do chão até atingir a marca de uns três metros. Sua forma era homogênea. Não caminhava como uma pessoa normal, mas deslizava pelo chão.
Fiquei desnorteada: tremia e sentia meu sangue gelar. Parecia que aquela criatura, de certa forma, fazia os meus piores medos se multiplicarem, embaralhando minha mente. Lembrei-me então das palavras da velha mulher, sobre algumas criaturas das trevas temerem a luz. Joguei o facho de luz para a sombra e, imediatamente, ela desviou-se para o lado oposto, e se manteve assim toda vez que eu tentava mirá-la.
Foi então que olhei para o interruptor. Se aquela criatura temia a luz da lanterna, talvez com luzes mais fortes, por todo o corredor, ela se afastaria. Não perdi mais tempo e acionei o interruptor. Todo o corredor e a interseção encheram-se com as luzes, clareando todo o ambiente. O resultado foi melhor do que o esperado: com um grunhido gutural, que me fez tapar os ouvidos, a criatura não recuou, mas sim desapareceu.
– Meu Deus, o que foi isso? – sussurrei.
Temendo em ficar ali com a possibilidade de a criatura voltar, passei pela porta.
Estava agora em frente a uma escada em espiral, conforme dissera a velha senhora. Desci até chegar ao andar térreo onde havia outra porta. Atravessando-a, me deparei com um homem alto e magro saindo de uma sala, que imediatamente o reconheci como o professor Morton. Assim que me viu, o professor entrou novamente no cômodo em que tinha saído.
– Professor? Ei... Professor Morton, espere! Espere, por favor!
Mas ele não me ouviu e bateu a porta com força.
Não hesitei e irrompi pela porta. Era uma saleta de estudo, onde não havia nada mais do que uma escrivaninha e livros sobre uma prateleira. Ao final da sala estava o professor Morton, parado, encarando-me.
Durante tanto tempo eu me dediquei para esse momento, e agora que finalmente estava cara a cara com o professor Morton, não soube o que falar. Não sabia como começar, nem mesmo sabia se era prudente falar sobre minha mãe. Permaneci calada fitando o professor, e foi ele quem iniciou a conversa.
– O que acha que está fazendo?
– Professor, eu vim falar com o senhor. Eu esperei muito tempo para vê-lo.
O professor soltou uma desdenhosa e sombria risada. Eu não esperava tal comportamento do famoso Obed Morton.
– Então você veio à Ilha das Sombras para me ver? Senhorita, há coisas além de sua compreensão acontecendo. Mas eu vou lhe conceder a oportunidade de testemunhar a revolução.
Dito isso, ele rapidamente sacou uma pequena arma e apontou para mim, atirando uma espécie de dardo, acertando-me na barriga. Imediatamente me senti tonta, vi um professor embaçado e tortuoso, até que caí e tudo se apagou.
Acordei em um quarto, deitada sobre uma cama. Sentindo-me ainda um pouco tonta, me sentei na cama e olhei ao redor, recobrando aos poucos os sentidos. O quarto, comparado com os outros cômodos, não era muito grande: ao lado da cama havia um criado-mudo; bem à frente havia uma estante com alguns objetos e um porta-retrato com a foto de um índio. Eu não conseguia acreditar no que o professor Morton tinha feito. Como ele pôde? Levantei-me devagar e fui até a porta, girei a maçaneta, mas, para minha desagradável surpresa, estava trancada.
– Que ótimo, agora estou presa. Preciso arrumar um jeito de sair daqui. Mas como?
O quarto parecia cada vez mais uma prisão conforme o tempo passava. Andei de um lado para outro para tentar buscar uma solução e vi uma coisa curiosa. Havia, ao lado da estante, um enorme espelho preso à parede, envolto de uma moldura dourada. Ao rodapé, uma parte do espelho estava quebrada, revelando um espaço vazio e escuro atrás dele. Ajoelhei até o buraco e vi que havia uma passagem por trás, mas não conseguia descobrir como abrir o espelho. Não hesitante, peguei um livro pesado da estante e o atirei com força ao espelho e vi meu reflexo se desmontar como um quebra-cabeça, num som alto e agudo – o espelho se quebrara.
A passagem parecia ter sido construída dentro de uma rocha, archotes estavam presos às paredes e havia uma longa escada que levava a um andar subterrâneo. Eu não tinha mais a minha lanterna nem a bolsa, mas decidi descer, afinal, era a única opção.
Estava muito frio naquele ambiente, talvez porque as paredes estavam umedecidas e do teto eventualmente pingava água e isso fazia os meus cabelos se eriçarem. A escadaria culminava em uma porta de ferro puro, com um orifício para se poder ver do outro lado, como um olho mágico. Estiquei-me para dar uma espiada e, para minha surpresa, vi o professor Morton sentado a uma mesa onde havia um rádio comunicador semelhante aos da época da Segunda Guerra Mundial.
Respirando menos, esforcei-me para não fazer nenhum barulho. Parecia que o professor Morton estava se comunicando com alguém através do rádio.
– Lamb? As coisas estão indo de mal a pior.
Eu ouvia o que o professor falava, mas não conseguia ouvir quem estava falando com ele, visto que ele estava usando fones de ouvido.
– Três agentes? Você deve estar brincando. Três agentes não bastam, precisamos de um exército inteiro!
– Seu desgraçado! Lamb? Lamb!
O professor retirou os fones de ouvido praguejando muito. Permaneceu sentado meditando, parecia perturbado. Havia algo de estranho no jeito de falar do professor. Antes, quando ele me encontrou, a sua voz era mais arrastada, mas agora era mais serena e, de certa forma, desesperada.
Após alguns segundos, ouvi um ruído de porta se abrindo. O professor Morton se levantou com grande susto e, tanto ele quanto eu, ao vermos de quem se travava, arregalamos os olhos. Um homem idêntico ao professor Morton entrou na sala apontando uma arma ao outro, a mesma arma que antes apontara para mim. Havia dois Obed Morton agora!
– Você é patético – disse o intruso.
– Allan, você foi longe demais. Pare com tudo isso. É loucura!
– Loucura? Mesmo? Em breve todo o mundo testemunhará uma nova era, uma nova ordem mundial, uma nova espécie! Para mim isso não é loucura, é salvação.
– Você perdeu mesmo o juízo, irmão!
Irmão? Foi aí que entendi que aquele Allan era o irmão de Obed Morton, um irmão gêmeo! O que significava que quem atirou em mim não tinha sido o professor, e sim ele.
– Parece que quem perdeu o juízo foi você em tentar me desafiar. Você estava falando com Lamb, não estava?
– É claro que estava. Como você acha que consegui todas aquelas cobaias para você.
Eu gelei, meu coração disparava a cada palavra.
– Você acha que pode me enganar, irmão? Sei que você estava falando de nossa pesquisa a esse Lamb. Você me conhece, sabe que não tolero traidores.
Allan disparou o dardo em Obed que caiu desmaiado no chão. Em seguida colocou o irmão em seus ombros e o carregou para fora da sala. Tapei a boca com as mãos, e voltei lentamente de costas. Subi as escadas e rumei de volta ao quarto.

* * *


Felipe


Definitivamente saltar de pára-quedas não era o meu forte. Controlar simples cordas sob uma lona parecia mais complicado quando acontecido sob pressão. E isso contribuiu para que eu fosse ziguezagueando com o pára-quedas até aterrissar na área dos fundos da mansão, rolando no chão.
Levantei e procurei meus óculos que havia se desprendido do meu rosto e caído no chão quando aterrissei. Ainda aturdido com o que tinha acontecido, analisei o cenário que era deveras assustador – pelo menos a noite – e ao mesmo tempo fascinante. Estava muito escuro e eu questionava o motivo de não haver uma boa iluminação para ressaltar a beleza daquele lugar, a não ser que a mansão estivesse abandonada, o que não era o caso. Conseguindo finalmente me soltar do pára-quedas e desenroscar as pernas das cordas, cacei uma lanterna na mochila. Queria chegar logo na mansão, essa era a instrução de Carnby. Mas eu nem ao menos sabia se Carnby e Aline estavam bem, se conseguiram aterrissar em segurança. O dia mais importante de minha carreira, onde finalmente iria conhecer o professor Morton e estudar uma excepcional civilização, poderia cair por terra devido às circunstâncias. Afinal, eu precisaria muito da ajuda de Aline.
Minhas lamentações foram interrompidas quando minha atenção se voltou para alguma coisa ou alguém envolto de um leve brilho azulado, que se movia junto às escuras extremidades das paredes. Não consegui distinguir o que era, pois parecia que aquilo, seja lá o que fosse, também tinha a cor escura. Se ao menos saísse do lugar para que eu tivesse a possibilidade de saber se era algum animal, talvez um cão ou gato – mas ele ficou imóvel, parecia estar me estudando.
Eu já estava com a lanterna em mãos e tentava acioná-la, mas não conseguia. Mirei para o meu próprio rosto e dei umas palmadinhas e ela acendeu, quase me cegando. Em seguida mirei para o local que se encheu com a luz. Fui deslizando o facho de luz pelo local até ver dois olhos acenderem em um faiscante vermelho – era um cão, um enorme cão! A criatura estava em estado deplorável: faltava carne em seu focinho, revelando seus dentes com enormes caninos; pedaços de pele pendiam em diversas partes de seu corpo e suas patas sangravam.
A fera agora rosnava e estava pronta para o ataque. Eu não conseguia fazer nada a não ser ficar ali parado apavorado, contemplando a fera, que agora assumia posição de ataque. Olhei para trás e vi um enorme muro com um portão trancado com correntes – não havia lugar para onde correr a não ser para a mansão cuja porta de entrada estava atrás da fera.
O cão feroz avançou, deixando pegadas de sangue pelo caminho. Dei passos para trás – era o fim, eu estava certo. Mas, subitamente, vi algo voar de uma das janelas da mansão e acertar o cão. Um dardo do tamanho de uma caneta acertou o lombo da fera que ganiu e parou furiosa a procura do atacante. Não achando ninguém, a fera se voltou para mim, ainda mais furiosa. Rosnou, mas parecia estar fraquejando; deu mais uns passos cambaleantes e em seguida caiu, se dissipando em um brilho azulado.
Olhei para a janela em busca do meu salvador e vi alguém se recolher com uma zarabatana em mãos. Seja lá quem fosse me ajudou muito e eu lhe devia a vida.
Agora com um pouco mais de coragem, mas ainda vacilante, fui até onde a criatura caíra e vi somente o dardo. Dei umas pisadas com a ponta do pé no local para ter certeza que a fera não estava mesmo ali, em seguida disparei em corrida para entrar na mansão, minha mochila saltando nas costas.
Senti-me mais seguro agora dentro da mansão, e foi então que tentei achar uma explicação lógica para o que vira. Eu havia conhecido muitas feras aterrorizantes em minhas viagens ao redor do mundo, mas nenhuma que sumia envolta de uma luz quando morria.
Tudo isso foi praticamente esquecido quando avistei, adiante, um velho homem de aparentemente setenta anos. Vestia uma roupa simples, mais parecia um traje camponês estadunidense dos anos sessenta. Quem olhasse de esguelha poderia até mesmo achar que era um traje indígena. Tinha cabelos cinza presos com um rabo-de-cavalo, suas mãos estavam castigadas, o que me fez presumir que era um serviçal da mansão.
Retrocedi, mas o velho fez um sinal com a mão para que eu parasse. Parei, pois mesmo que eu quisesse fugir, só me restava sair novamente da mansão, e do lado de fora definitivamente não era o lugar mais seguro. Afinal, o velho homem não aparentava perigo, seu rosto denotava bondade.
– Não tenha medo, amigo.
Aquelas palavras, embora simples, me tranquilizaram. O homem avançou até parar em minha frente. Pude perceber seus olhos cinzentos e no seu rosto não havia barba.
– Desculpe ter invadido a mansão, mas eu fui atacado por um enorme cão da propriedade.
O homem franziu o cenho e balançou a cabeça discordando.
– Lamento pelo ocorrido, mas o cão não é daqui.
Depois dessa afirmação eu não soube o que dizer, embora eu não tenha comentado que a fera se dissipara após a morte.
– Então ele deve ter vindo de algum lugar e invadiu a propriedade – arrisquei.
– Você não me entendeu – disse o homem balançando a cabeça. – Quando eu disse “não é daqui”, eu quis dizer que não é desse Mundo.
Fiquei parado olhando para ele. Aquele velho só podia estar brincando comigo, ou tentando me assustar – se bem que o efeito pós-morte do cão era irreal.
– Sei o que deve estar pensando – continuou ele. – É difícil acreditar no que digo, mas você mesmo poderá constatar o que se passa nessa ilha com seus próprios olhos.
– E o que é que se passa aqui? – perguntei, para ver onde ele queria chegar.
– Essa resposta você já tem, meu jovem, dentro de você. Lá fora você mesmo viu a fera, mas, embora não aceite, no fundo você sabe que não há criaturas, seja qual for, que desapareça envolta de um brilho.
Senti meu rosto corar e suei frio. De certa forma ele tinha razão. Mas como ele sabia o que acontecera ao cão, visto que eu não comentei isso?
Pareceu que essa pergunta me saltou aos olhos e ficou muito perceptível no meu rosto, pois o velho respondeu:
– Eu também vi que aconteceu. Na verdade fui eu quem atirou o dardo na fera.
– Então foi o senhor? Perdoe-me, eu lhe devo minha vida!
– Não diga tamanho absurdo. Ninguém pode dever sua própria vida, pois só podemos dever aquilo que é nosso.
O velho homem era bastante convicto no que dizia, tinha resposta para tudo. Transmitia uma paz tão serena quando falava que eu poderia passar o dia todo conversando com ele. Era tão agradável, que por um momento eu me esqueci do cão.
– O senhor é um membro da família Morton?
– Oh, não, certamente que não. Peço, inclusive, perdão por não ter me apresentado antes. Meu nome é Edenshaw, presto serviço à família Morton há duas gerações. Fui tutor de Obed Morton, inclusive – ao dizer o nome de Obed, o velho pareceu entristecer. – Mas, diga-me, o que você faz aqui?
– Estou aqui a trabalho: vim auxiliar uma amiga a autenticar as tábuas manuscritas Abkanis. Porém nem ao menos sei se ela está bem. Sofremos um acidente no hidroavião quando sobrevoávamos a ilha; acabamos tendo que pular de pára-quedas. Também veio conosco um detetive, Edward Carnby, que veio investigar um assassinato.
Edenshaw ponderou, parecia não estar entendendo alguma coisa. Aguardei sua meditação, não queria atrapalhar seu raciocínio.
– Abkanis... Está aí um nome que eu não ouvia há muito tempo.
– O senhor conhece a história dos Abkanis? – perguntei interessado, pois se ele estava na família há duas gerações, certamente conhecia a história dos índios, visto que o professor Obed Morton foi o precursor de estudos dessa civilização e podia ter alguma informação mais contundente que me ajudaria muito.
– Se eu conheço? – o velho soltou uma risada contagiante. – Ora, eu sou um Abkanis, o último de minha civilização, o último xamã.







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Última edição por Cris Varella em Sáb 22 Jun 2013 - 11:12, editado 3 vez(es)
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Alone in the Dark e A Ilha das Sombras - Capítulo 02 - O Último Xamã [+16] :: Comentários

Começando a ter medo do escuro, ou do que pode sair dele.
Separar os acontecimentos dos personagens ficou perfeito para o entendimento e deixa de ter a necessidade de cada capítulo próprio para cada um.
Todos tiveram sustos e bons resultados com aquilo que, nem de longe, poderiam imaginar existir.
Estou surpresa com a história paralela de Aline.
Camille Heiss escreveu:
Começando a ter medo do escuro, ou do que pode sair dele.
Separar os acontecimentos dos personagens ficou perfeito para o entendimento e deixa de ter a necessidade de cada capítulo próprio para cada um.
Todos tiveram sustos e bons resultados com aquilo que, nem de longe, poderiam imaginar existir.
Estou surpresa com a história paralela de Aline.

Ha, ha... O escuro pode revelar muitas coisas rs. O intúito da separação da narrativa foi justamente essa, mostrar a fundo cada personagem; e depois retornar com a narrativa em terceira pessoa.

Espero que goste da história.

Até mais!
o seu conto é uma pouco assustador u.u fiquei nervosa lendo esse capitulo, mais estou curiosa pra descobrir o que são essas criaturas >,<
Bela-Isa escreveu:
o seu conto é uma pouco assustador u.u fiquei nervosa lendo esse capitulo, mais estou curiosa pra descobrir o que são essas criaturas >,<

Ele parece assustador no início, mas depois ele vira, quase que totalmente, fantasia. A partir do capítulo 7, onde começa a batalha entre deuses, você vai reparar uma mudança. =D
Dor na consciência por ter jogados todos porta a fora? Que isso. De qualquer forma o fim seria em uma queda se não tivesse feito isso. Pelo menos houve uma chance de escapatória.
Coitado do tiozinho todo ensangüentado. Deu para sentir o temor em seu olhar e a dor que estava sentindo.
Gostei da luta, se é que se pode dizer que foi luta pelo que Carnby apanhou. Mas deu tudo certo no final e a resposta da pergunta já foi dada pelo tiozinho rs

Gosto de histórias paralelas e esta da Aline será bem interessante. Ainda acho que ela é meio morna... Quem sabe mudo de opinião mais para frente...

Já Felipe... Adoro o jeito inocente dele. Cachorrinho feio, já para casinha rsrs
E foi isso que Edenshaw fez.

Começando as explicações e foram reveladoras, mas ainda tem muito pela frente.
 

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