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  Pais & Filhos - Capítulo 02 - Só vou voltar depois das três [+16]

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MensagemAutor
05062013
Mensagem Pais & Filhos - Capítulo 02 - Só vou voltar depois das três [+16]

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Gêneros:
Songfic, Terror, Drama,

Clique aqui para ver as Informações Iniciais:


Um ano depois Amélia já tinha aprendido que tudo nas ruas tem um preço, seja em dinheiro, em drogas ou em sexo. Naquele primeiro dia fora de casa acordou sem sua mochila. Resignada, apenas agradeceu por não ter colocado seu dinheiro nela, mantendo-o junto de si, e mais da metade dele ficou com o motorista do ônibus, pois só depois que varias notas de cem sumirem dentro do seu bolso ele consentiu em levar uma menor de idade, sozinha e sem documentos, para fora do estado.
Quando saiu de Brasília, não tinha um destino fixo em mente, queria apenas se afastar dos pais. O destino levou-a para Vitória, depois da capital capixaba, tinha viajado para Belo Horizonte, Rio de Janeiro e finalmente São Paulo, onde já se encontrava há três meses. Em todos esses lugares encontrou companheiros nas ruas, pessoas com muitos problemas e poucas esperanças. Compartilhou calor nas noites de frio, mas em nenhum momento encontrou amigos. As ruas não faziam amigos.  Aprendeu a ganhar algum dinheiro vendendo pequenas esculturas feitas de massa epóxi ou desenhos que fazia dos transeuntes nas calçadas movimentas da grande metrópole. 
Quando o dinheiro era suficiente hospedava-se em pensões baratas ou albergues, do contrário procurava algum imóvel desocupado e arrombava suas portas. Na maioria das vezes já havia alguns indigentes instalados no lugar. Se fossem, como diziam nas ruas: “sangue ruim”, ela caia fora e dormia sob a marquise de qualquer loja. Atualmente habitava um velho casarão abandonado junto com um grupo bem peculiar de moradores. Antes de aprender a explorar seus talentos passou fome por muito tempo, sobrevivendo da caridade alheia, e, quando essa não vinha, procurando nos lixos algo para comer. Nunca, porém, se prostituiu, chegou a cortar com uma navalha um velho bêbado que tentou estuprá-la. Por força das circunstâncias, tornara-se forte.
Com o passar dos meses, aprendera a controlar parcialmente seu terror noturno; eram raras às vezes em que acordava gritando. Quase toda noite, no entanto, seus sonhos deixavam-na trêmula e suando frio. Naquela madrugada, em específico, seu pesadelo voltava a atormentá-la. Ainda chorava em silêncio, recostada na parede descascada, quando viu um vulto se aproximar. Era um menino novo, de sete ou oito anos, chegara há três dias na casa. Ninguém sabia de onde ele vinha, ou porque havia fugido, ninguém se dera ao trabalho de perguntar, nunca se davam. Seu nome era Marcos ou Marcio, algo assim.
— Estou com medo, tive um pesadelo. — disse o menino, que chorava copiosamente segurando um urso de pelúcia velho como se fosse seu único amigo no mundo. 
Amélia sentiu-se irritada pela fragilidade dele. Ela enfrentava seus próprios pesadelos, era imponderável que o guri não pudesse ao menos fazer o mesmo. Com um choque, percebeu que talvez fosse exatamente a mesma coisa que passasse pela cabeça de seu pai, tal pensamento apenas fez sua irritação crescer, beirando a raiva, e viu que se não saísse dali imediatamente poderia acabar socando a pobre criança. Enxugou suas lágrimas e consultou o relógio, era meia noite e meia.
— Só vou voltar depois das três.
Com a ira crescendo cada vez mais dentro do peito, saiu batendo a porta com força. Os fantasmas do pesadelo ainda assombravam seus pensamentos, tinha-os desde criança. Sempre o mesmo sonho, mas nunca se habituara ao horror que lhe causavam. Quando despertava, além do medo, tinha no peito uma sensação de escolha iminente que a apavorava ainda mais. 
O menino que ficou para trás parou de chorar no mesmo instante que a porta bateu, sorriu de forma maligna enquanto lambia calmamente os globos oculares com sua língua comprida e bifurcada. Seu corpo começou lentamente a desaparecer, tornando-se cada vez mais etéreo até tornar-se impossível diferencia-lo das sombras a sua volta.
Alheia a esses fatos, Amélia caminhou pelas ruas desertas da capital paulista. Nunca gostara de álcool, nem dos efeitos que a bebida produzia em sua mente, mas de vez em quando se embriagava até o torpor, pois era a única coisa que a fazia esquecer-se dos pesadelos. Não apenas dos sonhos, mas do pesadelo diário que sua vida havia se tornado. Decidiu-se por fim que seu estado de espirito exigia uma dose grande de álcool essa noite. Com esse objetivo em mente, consultou seu bolso e viu que era dona de uma pequena fortuna, conseguira vender várias peças durante a semana. Não daria para ir aos restaurantes de primeira classe que frequentara com os pais, mas daria conta de uma noitada em algum boteco de quinta categoria, que era exatamente para onde tencionava ir. Lembrou-se de um barzinho que conhecia perto da rodoviária; musica ruim e atendimento pior ainda, mas ficava aberto a noite toda. Fora lá que conhecera a “galera do mal” que, apesar do apelido, eram todos gente boa, apenas gostavam de beber mais do que Amélia considerava saudável, talvez até encontrasse alguns deles essa noite.
O bar estava cheio, a fumaça predominava quase todo o ambiente, “Highway To Hell” tocava em alto e bom som e ela pensou.
— Nos encontramos lá então meu chapa.
 Procurava um banco desocupado no balcão quando ouviu seu nome ser chamado. Seu nome atual, pois logo aprendera que era mais seguro mudar de nome e aparência com a mesma frequência que mudava de cidades; em Belo Horizonte chamava-se Luiza e era loira, no Rio fora uma ruiva Simone, seus cabelos agora eram castanhos, e ela atendia por:
— Julia.
O dono da voz que a chamava era Nando, e, ao avistá-lo numa mesa mal iluminada junto à parede, viu também o inseparável Casca, ela tinha quase certeza de que seu nome era Cassio. Os dois não se pareciam em nada entre si e qualquer um que os encarasse por algum tempo não veria motivos para dois caras tão diferentes estarem bebendo juntos. Nando, com mais de um metro e noventa, tinha boa parte do corpo tatuada, inclusive a cabeça, que mantinha raspada, alargadores nas orelhas e mais de vinte piercings só no rosto. Já Casca era um garoto mirrado, de tez pálida e cabelos longos, que mantinha num rabo de cavalo. Ambos por volta dos dezenove anos e eram o mais próximo que ela tinha de amigos. Corria o boato de que fossem do Rio e haviam ganhado a estrada por conta de assumirem sua homossexualidade, mas ninguém nunca levantou a questão ao casal. Nando fazia musculação e junto a sua altura, vinha também uma boa quantidade de massa muscular, que desencorajava a maioria das pessoas a meterem o bedelho em assuntos alheios. Nada disso importava para Amélia, ela gostava deles por que eram excelentes seres humanos.
— Senta aí Julinha, vai beber alguma coisa? — Nando a convidou.
— Uma vodka dupla. — disse se jogando numa cadeira e colocando os pés sobre outra — Meu Deus, que noite abominável.
— Me diz uma coisa sereia, quem usa a palavra “abominável”? — brincou Cassio — Vou perguntar pela milésima vez, de onde você vem? Seu vocabulário não é de alguém que cresceu nas ruas.
— Não me encha o saco Casca, — bebeu seu drink em apenas um gole e acenou para o garçom pedindo outro — Já te disse que sou baiana.
— Com esse sotaque? Duvido?
A garota mantinha os olhos fechados e passava o copo gelado na testa. Uma dor de cabeça começava a lhe martelar as têmporas. O álcool trazia as bênçãos do esquecimento, mas já exigia seu tributo. Afora a dor de cabeça, que ela sabia ser inevitável, a melancolia invadia sua alma, e, vez ou outra, a fazia falar demais. Saíra do Rio depois de uma noite de bebedeira, em que ela acabara por contar toda sua história. Se não tomasse cuidado, teria de fazer a mesma coisa desta vez. Mas pensou melhor e resolveu que não ligava se tivesse que se mudar mais uma vez. Precisava desesperadamente conversar com alguém essa noite.
               — Sou judia. — confessou — Minha família são de judeus.
Ambos inclinaram-se mais para perto ao mesmo tempo. A amiga nunca falava de sua vida pregressa, e eles sabiam, por experiência própria, que a solidão é o mais amargo dos venenos. Leva as pessoas lentamente à morte. Infelizmente a menina parecia sofrer de ostracismo e se fechava sempre que alguém oferecia um ombro amigo; se ela estivesse disposta a desabafar hoje, iriam saber ouvi-la e ajuda-la da melhor maneira possível.
— Meu filho vai ter nome de santo. Quero o nome mais bonito.
— Ô minha filha... — interrompeu Cássio — O que uma coisa tem a ver com outra?
— Meu velho vai ter um infarto se descobrir que seu neto tem um nome católico. — ela disse isso com um prazer cruel e soltou uma gargalhada. Bebeu sua dose mais uma vez num único gole e acenou pedindo outro.
— Vai com calma Ju, isso aí não é água.
— Engraçado ouvir isso de você Nando. Quantas dessas, você já bebeu hoje?
— Então né amor...  Mas eu bebo todo dia, e, pra falar a verdade, nunca te vi bebendo. Tem certeza que sabe oque esta fazendo? 
— Foi por causa dele que você ganhou a estrada? — perguntou Cassio.
— Dele quem? Do que você está falando criatura? — seu raciocínio já estava turvo.
— Seu pai. Foi por causa dele que você saiu de casa?
— Foi. Quer dizer, não. Foi por causa do dinheiro dele. Que o velho se dane com sua conta bancária.
— Eu sabia que você tinha estudado em algum bom colégio. Sua cultura trai sua performance de menina pobre. 
— Quer saber galera? Não foi uma boa ideia ter bebido essa noite. — deixou algum dinheiro para pagar pela sua bebida e tentou levantar-se — Vejo vocês por aí. — cambaleou e quase caiu sentada novamente. Apoiou-se em Nando, que a ajudou a manter o equilíbrio com gentileza.
— Sabe Julia... Ou qualquer que seja seu verdadeiro nome, você pode confiar em nós, somos seus amigos e tentaremos ajuda-la. Sabe disso não sabe? — a gentileza e preocupação que viu em seus olhos eram genuínas e isso a magoou ainda mais. Duas pessoas praticamente estranhas mostravam-lhe mais afeto que seus pais tinham lhe dirigido à vida toda.

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Última edição por Violet Flower em Qui 6 Jun 2013 - 20:24, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : Numeração do capítulo)
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Amélia, agora Julia, virou uma guerreira em São Paulo.
Definiu bem como é a vida nas ruas e ela deve ter sofrido muito por suas andanças em outros Estados.
Sempre sinto um arrepio com essas aparições e é tão bom rsrs.
Mesmo sendo amigos, acho que na situação em que se encontra é um pouco perigoso contar sobre sua vida ( uma vez que ela estava fugindo).
E bebida nunca foi um bom refúgio.
Ela sabe disso, o alcool cobra um preço alto por tão poucos beneficios, e suas andanças lhe ensinaram isso. As vezes V, precisamos conversar com alguem, desabafar...
História perfeita. Viciado! :3
 

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