Emilly só teve tempo de ver Isadora correndo pelo corredor dos armários carregando um cartaz na mão e dizendo que conversariam depois.

Então resolveu somente colocar seus fones de volta e ir em direção à sua aula.

Tudo parecia continuar como sempre por aqui, mas ela sabia que internamente as coisas tinham mudado.

Último. Tem certas palavras que foram criadas para se odiar, não é? Em todos os seus sentidos.

Como alguém pode gostar de algo assim? Podem gostar de uma palavra como “último”? Se ela disser isso normalmente as pessoas logo pensariam sobre perder, chegar em último. Elas estariam certas sobre perder, mas talvez não exatamente da forma como imaginam.

Último aniversário. Último dia. Último momento da vida... Eles, insistentemente, sempre chegam para então você os perder. Logo depois.

Teimam em deixar saudade.

Como se fosse intencional, como por birra, simplesmente não voltam. Não voltam nunca mais. Assim nada é da forma que era antes.

O tempo faz nós perdermos, a todo o momento. Dá para se entender a parte da renovação, da mudança, mas talvez isso não seja tão bom assim, talvez ela simplesmente não goste disso. Porque não tem nada que ela odeie mais do que os últimos...

Quando passou pelo pátio recebeu aquela conhecida atenção com aqueles disputados olhares caindo sobre ela. Caminhava despreocupadamente mudando sua playlist, até ver Bento com uns amigos do futebol no canto daquele pátio, olhando para ela.

Como ele ainda podia? Depois de destruir a sua vida, literalmente. Ainda tinha coragem de ficar lhe encarando daquela forma.

Emilly não olhou diretamente para ele, só parou no meio do seu caminho tentando se controlar para não ir até lá e soca-lo até a morte.

Respirou fundo e continuou seu caminho, porém antes de subir as escadas para as salas de aula, reparou uma coisa interessante que ainda não tinha visto.

Havia uma grande planta olográfica montada ali ao lado da escada do pátio central do Instituto. Uma planta do projeto de ampliação do clube esportivo.

Parou para observá-la por alguns instantes e percebeu que ficaria realmente lindo o lugar. Não que precisasse de mais alguma coisa para ficar lindo, porque ele já era incrível. Mas se iria ficar realmente como estava mostrando na planta, ficaria exageradamente incrível. Tudo seria renovado e pareceria um local muito moderno, quase um complexo do futuro.

Ele passaria a ocupar praticamente metade da cidade institucional, por mais que fosse de maneira descontínua. Cidade institucional era como era chamada a área do Instituto, incluindo as áreas de ensino fundamental, médio e superior.

Ela podia imaginar a quantidade de pessoas que ficariam extremamente entusiasmadas com esse projeto. Romulo inclusive iria pirar.

Finalmente Emilly deixou a planta de lado e seguiu para sua sala.