P.D.V. Bella

Quando ouvi as palavras de Edward, um buraco se abriu em meu peito, eu pensei que Edward gostasse de mim, mas depois de suas palavras eu vi que não, que eu não servia para ele. Minhas pernas fraquejaram e cai de joelhos no chão, meu corpo sendo inundado por uma solidão imensa, as lágrimas já rolavam solta por meus olhos, sendo acompanhadas por vibrações nervosas de cada parte minha, não conseguia admitir que Edward estava indo embora, meu ser não queria admitir, era como se aos poucos, cada pedacinho do meu coração, fosse esmagado, lentamente, a dor era insuportável, mesmo sendo inexplicável, só sabia sua intensidade, que ia além de medidas humanas, eu não queria ficar longe dele, meu corpo não queria isso e nem minha alma, como ele podia me fazer sofrer a tal ponto, se ele era meu guardião, como meu guardião podia me abandonar?

Coloquei as mãos na cabeça, apoiando meus braços na cama, era como se meu corpo pesasse, como se todo o mal estar que tinha sentido nos últimos dias não se comparasse com o mal que sentia no momento, só queria uma coisa, o Edward pra mim, para sempre. Mesmo que ele fosse um vampiro, eu sabia que não ia me fazer mal algum, o único mal que ele me fazia era me deixar, isso estava me destruindo em questão de segundos.

Lentamente me arrastei para cima da cama e ali afundei minha cabeça no travesseiro, gemidos escapavam de meus lábios, suluços eram abafados no travesseiro, eu não podia deixa-lo ir, mas era uma escolha dele, quando me lembrava que ele tinha dito que eu não servia pra ele, meu coração apertava mais ainda, eu tinha vontade de levantar e ir até ele, implorar para ele não me deixar, mas algo me impedia, eu não tinha forças de me levantar nem a cabeça, era como se cada vez o vazio aumentasse, abrindo um buraco maior em meu peito, eu precisava de Edward, de suas mãos frias em meu rosto, seu hálito em meu pescoço, precisava dele junto de mim, pois ele me dava forças para seguir lutando, ele me deixava feliz apenas em sorrir pra mim, como poderia o motivo de meus sorrisos me deixar, eu não deixaria isso acontecer, não deixaria.

Tirando uma força não sei de onde me levantei, fui até a porta e a abri, andei a passos lentos até o quarto de Edward, abri a porta, como se minha vida dependesse daquilo, e ela dependia. Mas ao olhar lá era como se ninguém estivesse estado ali, não tinha nem uma pista de que alguém dormira ali por um bom tempo, era como se ele não existisse, como se fosse tudo fruto de minha imaginação, como ele podia se declarar e sumir assim, como se não existisse, me joguei na cama, para ali sentir seu cheiro, mas até disso ele me privou, não tinha nada que indicasse sua estadia ali, nada, além de meu coração fora do lugar, pois ele o levou, no momento que saiu pela porta do meu quarto, ele levou o meu coração com ele.

P.D.V. Edward

Logo que sai da casa de Bella sabia que uma parte minha tinha sido deixada pra trás, sentia como se a cada passo fosse mais difícil andar, então corri, corri floresta a dentro, corri como se estivesse fazendo o melhor pra mim e para ela, mas sabia que ia me destruir, aquela humana mudou minha vida por completo, ela me mostrou que eu não era apenas um mostro criado pela natureza dos imortais, que eu também podia ter sentimentos, mas eu não podia fazer isso com ela, por amá-la eu tinha que a deixar ter uma vida saudável e tranquila, uma ida humana, longe de tudo que envolve o sobrenatural, ela merecia encontrar alguém que a fizesse feliz, que a proporcionasse momentos lindos, que envelhecesse com ela, com quem tivesse filhos, construísse família, mas eu queria ser isso na vida dela, mas nunca poderia, pois eu estava condenado por minha eternidade a ser o que eu era, um vampiro. Deixei ao longe os soluços da pessoa que eu amava, deixei a oportunidade de tentar ser normal mais um pouco, mas eu não podia insistir nisso, parecer normal, se eu não era. Corri muito, já nem sabia mais onde me encontrava, então desabei, desabei no chão, não com um cansaço físico, mas um cansaço estranho um cansaço sentimental, e um vazio ali dentro, naquele lugar onde um coração não batia a bom tempo, um vazio. Sentia como se algo quisesse ser expulso do meu ser, aquela dor que não tinha, aquelas lágrimas que não sairiam pois eu não tinha, até na dor eu era assim, um imortal que nem dor sentia, era agoniante, eu visualizei seu sorriso, senti seus lábios em mim, cada momento que passei com ela passava por meus pensamentos. Eu sentia falta dela, falta de sua respiração, de como ela corava com um elogio, de seu sorriso e de sua fragilidade, eu queria voltar pra ela, voltar e dizer que eu estava ali, que eu nunca a deixaria, mas não podia ser egoísta, não podia priva-la de uma vida normal, ela merecia isso, ela merecia. Fechei meus olhos, como se quisesse apagar os momentos que com ela passei, pois a intensidade deles me torturava mais, naquela dor silenciosa e agoniante. Mas eu sabia que levaria para toda minha existência cada detalhe de seu rosto, desde seus olhos de chocolate, como seus cabelos com cheiro de xampu de morango, seus lábios rosados e suas maçãs rosadas. Ela era a minha pequena, a minha protegida, eu necessitava dela, assim como necessitava de sangue para me alimentar. Eu só queria ela em meus braços, aninhada em meu peito, sentindo o movimento de seu coração em seu peito, sentindo seus cabelos em meu pescoço, sentindo sua vida. Eu queria senti-la protegida, perto de mim, mas não podia, não podia ser egoísta com ela. Eu sabia que ela sofreria, mas com o tempo ela iria me esquecer, ela é humana, para os humanos é fácil esquecer, ela me esqueceria, conheceria algum humano como ela, se casaria, teria a família feliz que todos sonham, algo que eu não poderia dar a ela. Esse pensamentos me torturavam mais ainda, pensar nela nos braços de outro me dava raiva de mim mesmo, estava sendo novamente egoísta, novamente estava querendo tomar posse de algo que não era meu, e não poderia ser, eu não podia deixar ser. Pois eu amava Isabella Swan e por isso deveria partir, eu deveria partir, mas meu egoísmo me deixava entre perder alguém que amo pra sempre, e sempre mesmo, ou voltar e toma-la em meus braços, para nunca mais a deixar. Nunca!