E lá estava eu, olhando para aquela figura estranha e familiar. Meus pensamentos começaram a me enlouquecer, lembranças dolorosas começaram a superlotar minha mente. Lembranças dolorosas... A meu Deus, eu conseguia sentir! Nunca pensei que sentiria novamente.
Depois de muito tempo sem sentir nada, envolvida por um torpor quase insuportável, eu podia sentir novamente. Para ser bem sincera, aquela não era a melhor sensação que eu já sentira. Depois de tanto tempo sem sentir nada, existia um turbilhão de sentimentos tomando conta de mim. Era uma mistura desconfortável: raiva, tristeza, saudade, alegria, amor...
Quando o choque por estar sentindo novamente, por estar viva novamente, passou, outro choque me fez arregalar meus olhos. Estava eu tendo alucinações? Nunca pensei que o veria novamente. Pensei que o perdera para sempre. Pensei que ele estivesse morto. Eu não sabia o que fazer, não sabia se corria em sua direção para matá-lo por ter feito-me chorar, ou se corria para seus braços para abraçá-lo forte e jamais soltá-lo.
Ele sorria, não o sorriso que eu conhecia, aquele alegre e maroto de alguns anos atrás, mas um sorriso sombrio e misterioso. Seu cabelo e suas roupas estavam diferentes, seu cabelo crescera e ele usava roupas estranhas, calças rasgadas e um casaco comprido. Ele continuava lindo. Seus olhos, porém, pareciam meio vazios, mas quem era eu para julgar o olhar sem vida de alguém, sendo que eu mesma passara anos como morta? Sem sentimentos durante anos.
- Olá Adameire. – ronronou – Quanto tempo...